O Exorcista
William Peter Blatty
Sinopse: O mal toma várias formas e a literatura e o cinema parecem se desafiar a criar inúmeras personificações desse mal. Seja com monstros, formas deformadas de nós mesmos, ou demônios, a indústria do entretenimento sempre foi bem-sucedida em representar a essência do nosso lado mais reprovável. O exorcista, no entanto, conseguiu ultrapassar esse limite. Inspirado em uma matéria sobre o exorcismo de um garoto de 14 anos, o escritor William Peter Blatty publicou em 1971 a perturbadora história de Chris MacNeil, uma atriz e mãe que está filmando em Georgetown e sofre com as inesperadas mudanças de comportamento de sua filha de 11 anos, Regan. Quando a ciência não consegue descobrir o que há de errado com a menina e uma nova personalidade demoníaca parece vir à tona, Chris busca a ajuda da Igreja no que parece ser um raro caso de possessão demoníaca. Cabe a Damien Karras, um padre da universidade de Georgetown, salvar a alma de Regan, enquanto tenta restabelecer sua fé, abalada desde a morte de sua mãe. Em O exorcista, Blatty conseguiu dar ao demônio a sua face mais revoltante: a corrupção da alma de uma criança. A jovem Regan é, ao mesmo tempo, o mal e sua vítima. Ela recebe a pena e a revolta dos leitores e espectadores em doses equivalentes e, mesmo quarenta anos depois, seu sofrimento e o abismo entre o que ela era e o que se torna continuam nos atormentando a cada página, a cada cena. Até, enfim, descobrirmos que não se trata apenas de uma simples história sobre o bem contra o mal, ou sobre Deus contra o demônio, mas sobre a renovação da fé.
O exorcista é um senhor clássico do terror, por isso, sempre tive uma imensa curiosidade sobre a construção do texto e a história em si. Me perguntava muito se ela era próxima a adaptação cinematográfica - que é incrível- ou se a história construída por Blatty poderia gerar mais surpresas. O livro é tão visual quanto um filme pode ser, várias das cenas retratadas na história foi levada para as telonas. Momentos os quais, se você estiver totalmente imerso na história, provoca arrepios dos cabelos da nuca.
A história carrega sempre uma tensão latente, a todo momento é palpável o aumento do suspense na criação do clímax. Os personagens são apresentados e, homeopaticamente vão sendo, por linhas que em alguns momentos me perguntei como surgiriam, apresentados e se unindo no intuito de libertar Regan de seu opressor.
A construção da narrativa é ótima e envolvente. Não se trata apenas de uma família perturbada por um demônio, mas todos os personagens carregam uma gama de complexidade que enriquece o texto. Os conflitos, os segredos, as personalidades, todas culminam para um aumento do mistério, da ansiedade que principia o fim.
O começo e o meio do livro foram sem dúvida minha parte favorita, a luta do padre Karras contra ele mesmo e contra à burocracia da Igreja na tentativa de conseguir um ritual de Exorcismo, o crime e a busca da elucidação desse por parte do detetive de homicídios - mesmo que esse detetive tenha me estressado com seus diálogos enfadonhos e, me pareceu ser o tipo de pessoa que "se faz de doida" e eu não tenho paciência, a pertubação do ciclo familiar que cerca Regan e o quanto todos são atingidos de formas diferentes pelo demônio que se apossa da filha de Chris.
Contudo, achei o final abrupto. Estranhamente rápido, como um corte de faca que você sente que aconteceu algo mas tem que voltar a atenção para conseguir ver onde está o sangramento. Precisei parar e reler, tipo: "como assim?". Senti que alguns dos personagens tinham complexidade tamanha que poderiam ser mais explorados, mas entendo que para isso o autor precisaria estender demais as páginas e a história. Apenas o texto de Lucas deixado pelo autor em algumas partes do livro pressupõe uma explicação lógica para o fim.
No fim, embora o livro não seja tão assustador quanto o vendem, (ou talvez eu não seja tão assustável)foi uma leitura muito excitante e rápida. Recomendo a leitura a todos que sentem interesse nesse gênero incrível que é o terror <3.
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